segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Contos de fadas.

Embora sua trança vermelha despencasse lá de cima, não ousava descer daquela torre. Enxergava o mundo através das lágrimas, espelho da autocrítica, medo. Desvelo. Zelo? A coragem ficava guardada dentro de uma caixinha de tocar; ora aberta, ora escondida. Nunca movida. O vento batia mas ela não deixava entrar. Algumas vezes, os fantasmas fotografados em seu mural, pen drive e camarfeu, vinham lhe assombrar. Não permitia medrar, não permitia recuar. Mas não ia adiante. Não se movia. Estabilizou num momento que não recordava mais, que não buscava. Abria os braços em prece. Talvez alguem escutasse seus murmúrios tão tímidos, tão tristes, tão recordáveis. Entre gavetas, recortes, cadernos, se metia. Sabia do mundo e o mundo, dela, não sabia nada. Se sentia injustiçada por não ser buscada, procurada, reivindicada pelo príncipe encantado. Toda noite, o sono eterno vinha lhe visitar. E o beijo do despertar lhe era prometido.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amputada.

Nasci dali. Ramificada, era uma parte do todo. Crescendo e entrelaçando, sempre erva daninha. Aquela que agarra e prevalece umbilicada. Apoiada naquela raiz, seguia. Velada, adorada, princesa, fotografada. Passo a passo pregava peças, recordações, tatuava afeto. Um amor tão profundo quanto a dor. Que se parte e se soma na divisão. Amor que não se despede. Amor que não deixa. Amor que distancia e aumenta. Amor. A benção de boa noite é substituida pela lágrima. "Benção, meu pai. Deus te abençoe, Santo Antonio te proteja", amém.

No playlist toca: "Da entrega", (O Teatro Mágico).