segunda-feira, 30 de abril de 2012

Velho Ciclo Novo

O "para sempre" me assusta. Perceber que algo seguirá um fluxo fixo está longe de me trazer segurança. Tenho medo. Do nunca mais, também. Algo que lhe está atrelado mas dá a ilusão de distância. Ter a sensação de que todo dia é um começo de vida. Ter a sensação de que o término de cada noite é só o início de cada manhã. Ter a sensação que quanto mais se vive mais se morre. É ter a sensação de que o que não tem volta está cada vez mais junto. Procede? Teoricamente, sim. Praticamente. Longe. De saber o que se é ou não é. Quanto mais o tempo passa, quanto mais falta sinto, quanto mais percebo que sou hoje o que não fui ontem, tento me agarrar. Escorrega que nem sabonete. E mudar é não ser mais o que era e perder, de vez, o que não está mais aqui. Tento guardar. Na caixa da memória. Do corpo. Da sensação. Mas vou percebendo que o cheiro é cada menos teu e cada vez mais, meu. Procuro amaciantes, detergentes, flores, temperos, essências. Em cada panela, corredor e buraco de fechadura. Vasculho cada cantinho dessa casa que é nossa, desse coração que é buraco teu dentro do meu peito. Tento consertar a goteira. Mas a lágrima não pára de cair à conta gota. Não saber me assusta. Não o imprevisível. Isso a gente aprende a lidar, oras! Mas se é à curto, médio ou à longo prazo essa distância, esse tempo. Vou percebendo a eternidade em cada segundo. Primeiro, talvez último dia.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Deixa ser.

Penso e balançando. Danço. Desço. Dez-Calça. O sapatinho de cristal não cabe. Mais. Ou menos. Quebrado. Quer abraço. Abre asas que voo por aí. Por-ta-lá-si-dó não sentir de mim. Mais. Ou menos. Parto pra longe. Parto em duas. Parto dá vida. Que chega, que chora, que brinca, respira! Estica os braços, liberdade! Vem me conhecer, vem me en-caminh-ar! Não há dor-meço. De quantos metros? Mais. Ou menos. Criando essa criatura cri-cri, tão espinhosa, cheia de coisinha, cheia de graça, marra e pi/ra/ça! Busca e pul... ando. Pra vida. Pro ar-re-meço. O que já deixei do ser. Tenho. Mais. Ou menos. Bem mais do que sugeri. Por que abrir os olhos é se libertar? Vem! Hã? Dar! Praqueles que vão vir, que vão programar, que vão gerar, que vão girar. Esse moinho. De vento que venta aqui. Venta lá. De outro jeito. Mais. Ou menos. Assim do jeito que eu queria ser. E não. Fui.

No playlist toca: "Blackbird", (The Beatles).