segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dei sinal.

Eu avisei pra ela não subir tão alto. Eu disse que não deveria correr tão longe.
Caiu. Cansou. E se perdeu. Nesse roda. Viva. Sempre por aí, nunca por lá.
Mas é que nunca foi muito dada à essas coisas, sentir. E desmorreu. É, desmorreu assim:
morreu pra poder viver. Sempre foi dada à-creditar. Sempre à prestação. Porque à vista
não vendo nada, cegou. Chegou. Fechou. Mais uma porta. Esse porta-dor que pede pra viagem
pra comer mais tarde. Dando sinal pro para-dor que recolhe passageiro em cada ponto.
Eu avisei, sim. Mas dessa vez foi de mal-criação. Criada aqui dentro, como se não visse luz.
Como se não bebesse água. Não enxergasse. E não plantasse. Ela nunca deixou enraizar, sabe.
Adorava mudinhas. Porque as vozes... Aquelas vozes de desejos não podiam ser boa coisa!
Tão moça boa. Tão crescida. Tão madurinha. Do pé. Pronta pra colocar naquela boca.
Ela se incomodava. Acomodava. Ah! Como dava... Deu pra dar, agora, de sentir!
Veja você, deu pra sentir! Deu um sorriso. Deu um suspiro, um pensamento. E um coração.
Troca-dor! Eu vou descer, aqui! Anestesia que eu vou pular! Expresso pra chegar mais rápido.
Ela não. Não precisava. Fazer o caminho.
Mas eu avisei.

No playlist toca: "Um amor puro", (Djavan).