sábado, 18 de junho de 2011
Paradoxal
Finjo que não sinto. Acredito que não sei. Faço de conta que tudo vai terminar bem. Bambeio. Creio. E me apego. Aos fatos, fotos e afetos. Destilo essencia. E à flor da pele, sigo. Vou cada vez mais pra fora, desapegando daqui de dentro, expurgando o "novo eu". Paro pra pensar. Paro pra sentir. Paro pra dar. A vida que nasce de mim, parida e despreparada. Abuso das minhas crenças. E me agarro na fé: das preces, santinhos, terços e pulseirinhas do senhor do bonfim. Vela pra acender. Vela pra pedir. Vela pra oferecer. Vela por mim? É que eu não tenho essa mania de desistir. Se eu machuco, não é por mal. Não me ensinaram a recuar, não aprendi a fraquejar. Desaprendi a chorar. Exorcizo entre notas e versos, de um jeito inverso do que sou. Vou me apresentando todos os dias, não quero gostar. Uma menina que nunca foi boa coisa. Sempre foi diferente, nunca conseguiu sê-mar. Entre dedos, escorre; entrelinhas, descobre. Transito abaixo do que quero, acima do que fui. Sou inteiro. Nunca meio. Desafio-me. Desvendo, desvelo e relevo. Cada dia acordo e... finjo que não sinto, acredito que não sei e faço de conta que tudo vai terminar bem.
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