A mocinha andava apagada. Seguia seus passos. Cabisbaixos. Era assim por conta de uma deformidade: no meio do peito carregava uma elevação. Tinha vergonha. Escondia. Recuava. Disfarçava num maxilar forçado. Mas não sorria. Pesava. E desviava. De espinhos, pregos e dedos. Não conhecia rosas. Não conhecia retratos. Não conhecia toques ou afetos. Tinha curiosidade mas... medo: chorava pra dentro, gritava pra dentro. Até sorrir! É, ela sorria pra dentro. E a bola no peito, cada vez maior, pesava. E ela se encolhia. Se equilibrava (ao menos, tentava). Era muito pesado aquele seu mundo. Sofrido. Cruel. E entre uma curva e outra, eis que a visão é ofuscada por tamanho brilho. Tropeça. E, assim, aprende a levantar. Abre os olhos. E, assim, tenta enxergar. O rapaz lhe sorria. E lhe iluminava. O medo vindo de novo... mas já o experimentava há tanto tempo... Que tal a curiosidade? É que o dedo dele a tocava. Fundo. No peito. Abria uma chaga. Que explodia em fogos de artifícios. E a cidade toda, iluminava.
No playlist toca: "Quermesse", (O Teatro Mágico).
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ResponderExcluirA-do-rei demais, Pri.
ResponderExcluirMuito intenso.