sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Raridade

Quando você juntar teu coração ao meu.
Quando você caminhar minhas pegadas.
Quando você cruzar meu caminho.
Quando você desejar pela minha estrela que cai.
Vou me enxergar pelos teus olhos. E vou gostar.
Porque nunca fui tão bela.
Porque nunca foi tão querida.
Porque nunca me reconheci tanto. E quis mais.
Porque amor é assim: é doença que se cura com ter que amar mais
(acho que escutei isso em novela).
E daí quando vidas, inexoravelmente destinadas, se depararem... serão nossas.
Você(s) e eu. Entrelaçados. Por nós.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dei sinal.

Eu avisei pra ela não subir tão alto. Eu disse que não deveria correr tão longe.
Caiu. Cansou. E se perdeu. Nesse roda. Viva. Sempre por aí, nunca por lá.
Mas é que nunca foi muito dada à essas coisas, sentir. E desmorreu. É, desmorreu assim:
morreu pra poder viver. Sempre foi dada à-creditar. Sempre à prestação. Porque à vista
não vendo nada, cegou. Chegou. Fechou. Mais uma porta. Esse porta-dor que pede pra viagem
pra comer mais tarde. Dando sinal pro para-dor que recolhe passageiro em cada ponto.
Eu avisei, sim. Mas dessa vez foi de mal-criação. Criada aqui dentro, como se não visse luz.
Como se não bebesse água. Não enxergasse. E não plantasse. Ela nunca deixou enraizar, sabe.
Adorava mudinhas. Porque as vozes... Aquelas vozes de desejos não podiam ser boa coisa!
Tão moça boa. Tão crescida. Tão madurinha. Do pé. Pronta pra colocar naquela boca.
Ela se incomodava. Acomodava. Ah! Como dava... Deu pra dar, agora, de sentir!
Veja você, deu pra sentir! Deu um sorriso. Deu um suspiro, um pensamento. E um coração.
Troca-dor! Eu vou descer, aqui! Anestesia que eu vou pular! Expresso pra chegar mais rápido.
Ela não. Não precisava. Fazer o caminho.
Mas eu avisei.

No playlist toca: "Um amor puro", (Djavan).

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Vai amor, vem amigo.

Quero-Te. Dá um abraço de dez-
pedida pra ficar. Recolhe pegadas
e pisa novos passos. Sei. Você também. Sabe
que não. Pode ser. Que sim
ou que não. É melhor ter. Nos ter. Desabafa comigo qualquer coisa.
Você não pode me contar o que não quero saber. Você não pode jurar o que eu não posso querer.
Prece. Preciosa.
Preço caro pra pagar me perder pra te encontrar.
 Abro mão. Fecho as pernas.
Você entrou pela boca. Vai morar no coração.
 Lugar bom.
Quente.
E-terno.

No playlist toca: "Distante", (Jorge Vercillo).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Os três desejos.

Eu só te pedi três coisas: sinceridade, tranquilidade e nenhuma satisfação.

No playlist toca: "Asi se baila el tango".

domingo, 22 de julho de 2012

Misturada

Não me reconheceria nem que quisesse. Deixei de ser. Mais. Porque quis. Decidi ser. Mais. Por mim do que por aí. Tendenciosa à paixonada. Vim só pra misturar. E deixar o que fui. Entrepeles, pelos, arranco cabelos, suspiros, gemidos meus guardados em você. Dando sentidos no que posso listar o que odeio adorar em você: cheiro, saliva, à vista, pele, sussurro. Repete que não pro sim se acostumar. Repete que nunca pro sempre desistir. Repete mal me quer pra não me querer bem. Pra me querer boa. Encaixada. Sob medida entre teus dedos e desejos. Roçada entre as frestas. Cabendo. Na boca. Deslizando entre salivas. Redes-Cobrindo nosso balançar. Num ritmo que só nos dois conhecemos: você em mim. Pra lá e pra cá.

No playlist toca: "It's up to you", (Ghesas D'Eros).

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Velho Ciclo Novo

O "para sempre" me assusta. Perceber que algo seguirá um fluxo fixo está longe de me trazer segurança. Tenho medo. Do nunca mais, também. Algo que lhe está atrelado mas dá a ilusão de distância. Ter a sensação de que todo dia é um começo de vida. Ter a sensação de que o término de cada noite é só o início de cada manhã. Ter a sensação que quanto mais se vive mais se morre. É ter a sensação de que o que não tem volta está cada vez mais junto. Procede? Teoricamente, sim. Praticamente. Longe. De saber o que se é ou não é. Quanto mais o tempo passa, quanto mais falta sinto, quanto mais percebo que sou hoje o que não fui ontem, tento me agarrar. Escorrega que nem sabonete. E mudar é não ser mais o que era e perder, de vez, o que não está mais aqui. Tento guardar. Na caixa da memória. Do corpo. Da sensação. Mas vou percebendo que o cheiro é cada menos teu e cada vez mais, meu. Procuro amaciantes, detergentes, flores, temperos, essências. Em cada panela, corredor e buraco de fechadura. Vasculho cada cantinho dessa casa que é nossa, desse coração que é buraco teu dentro do meu peito. Tento consertar a goteira. Mas a lágrima não pára de cair à conta gota. Não saber me assusta. Não o imprevisível. Isso a gente aprende a lidar, oras! Mas se é à curto, médio ou à longo prazo essa distância, esse tempo. Vou percebendo a eternidade em cada segundo. Primeiro, talvez último dia.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Deixa ser.

Penso e balançando. Danço. Desço. Dez-Calça. O sapatinho de cristal não cabe. Mais. Ou menos. Quebrado. Quer abraço. Abre asas que voo por aí. Por-ta-lá-si-dó não sentir de mim. Mais. Ou menos. Parto pra longe. Parto em duas. Parto dá vida. Que chega, que chora, que brinca, respira! Estica os braços, liberdade! Vem me conhecer, vem me en-caminh-ar! Não há dor-meço. De quantos metros? Mais. Ou menos. Criando essa criatura cri-cri, tão espinhosa, cheia de coisinha, cheia de graça, marra e pi/ra/ça! Busca e pul... ando. Pra vida. Pro ar-re-meço. O que já deixei do ser. Tenho. Mais. Ou menos. Bem mais do que sugeri. Por que abrir os olhos é se libertar? Vem! Hã? Dar! Praqueles que vão vir, que vão programar, que vão gerar, que vão girar. Esse moinho. De vento que venta aqui. Venta lá. De outro jeito. Mais. Ou menos. Assim do jeito que eu queria ser. E não. Fui.

No playlist toca: "Blackbird", (The Beatles).

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

De noite.

Inspira ação. Corro, liberto e em dez faleço. Boa companhia. Cria ativa. Sempre gostei. Jogo e rogo: "Pelo amor de Deus, não amanheça! Essa estrela já brilha mais forte", sempre  precei. Dia-rio! Ou choro. De-pende. De um lado pro outro, como vou ficar. In-canto de quarto, sala, cozinha, banheiro. Chega meu lar. Do outro lado de cá. Íntima que intima. E se abandona. Pra gostar. Do sabor que não provou. Precisa? Em cada detalhe. Perambulo. Sonambulo. Nem sei se essa palavra existe no mundo real! No meu. Sim. Eu aceito. Até que a morte venha. Se parar... Ah, não respondo por mim! Tem. Que continuar.

No playlist toca: "New Soul", (Yael Naim).

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Pra todos aqueles que foram (e que ficam).

Porque quando as pessoas vão embora, fica um enorme buraco. Muitos chamam de saudade. Não sei. Nome. Mas é ôco. E fundo. Lá no mar. Que me afoga e assombra toda vez que penso em reviver. E todas as vezes que partem. Ao meio. Dia que não passa. Que me prende no tênue momento de passado e futuro. Arrebentou e divido os lados que quero me apegar. Queria. Não me despedir. Não é opção. É obrigação de uma oração. Amém. É assim que termina. Você pede e envia. Lá vai a prece. Tecida das formas. Castas das palavras. Vivi ali e queria voltar. Não choro. Rio. Que deságua até transbordar. Queria poder merecer escolher não perder. Não querer. Não ir. Pra não voltar tenho que aprender a olhar. Pra frente é que se anda. Pra trás é que se lembra. Por aqui é que encontro. A-Mar! Vem me lavar. Vem me levar. Pra junto daqueles que sinto saudade. Pra vida que ficou no passado e não aconteceu. A vida toda pela frente é muito tempo. Falta. Um pedaço. Em mim. À benção daqueles que já foram. Deixou o fruto. Maturando. Eu. Sou. E fico.

No playlist toca: "A vida quis assim", (Oswaldo Montenegro).