quarta-feira, 23 de março de 2011

Faxina.

Esse silêncio que grita entre as prateleiras e essa mania da poeira de irritar; tenho que remexer nos livros. Tenho que remexer aqui dentro. É que tá tudo tão bagunçado, vou jogar esse liquidificador fora. Vou trocar de travesseiro, esse não aguenta o peso dos meus pensamentos. As lágrimas embaçam a vista da janela, confudo faróis com estrelas. Retratos são vidas engessadas que espatifei, não quero mais aguar na lembrança; não quero mais viver no que não foi, não quero saber o que teria sido. Eu não quero tantas coisas e tá tudo bagunçado. E esse apego entulhado no meu armário? O que eu faço com os saltos altos que não me elevam a lugar algum? A poeira se impregnou nessas paredes geladas, que mania de irritar! As janelas dão vista pra lugar nenhum, vou me perder entre as cortinas e quem sabe não perco o caminho de volta? Quem sabe eu acho do outro lado o que eu perdi aqui? É que tá tudo bagunçado, tudo tão empoeirado, já é antiga essa mania de irritar. Quem sabe eu não durmo no pé da cama e acordo em pé de guerra?! É que vai ser uma luta arrancar essa poeira impregnada com mania de irritar. Dentro das gavetas acabei achando o que não vim procurar: óculos, binóculos, monólogos, cartas, descartas, gravações, orações, esperança, marias, escritos, promessas empoeiradas que me fazem esperar dentro dessa mania de irritar.

No playlist toca: "Eu não sou Chico mas quero tentar" (O Teatro Mágico).

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